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Episódio 7 

Direitos Humanos

Todos os dias, várias crianças, jovens e também idosos de Morrinhos, no Sul goiano, praticam atividades com cavalos na Associação de Equoterapia do município. A palavra equoterapia, deriva de equinos, e se refere a um tipo de terapia que usa cavalos em uma abordagem multidisciplinar. Essa terapia auxilia bastante no desenvolvimento de pessoas com deficiências físicas e outras necessidades especiais motoras e psíquicas.

Um dos cavalos que ajudam nesse processo lá em Morrinhos, é o Flocos, o verdadeiro “casca de bala” da Verônica, uma jovem de 26 anos, portadora de uma deficiência que acarreta dificuldades na fala e a impede de andar.

Mas nem todas essas dificuldades tiram da Verônica a felicidade de toda quinta-feira ir à Associação de Equoterapia de Morrinhos para praticar os exercícios. Ela faz questão de dizer o sente pelo Flocos: “Ele é muito amigo. Eu gosto dele por isso, tenho confiança nele, muita confiança. Aqui eu sou feliz, eu conto os minutos para vir, sempre me emociono, eu quase choro”.

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Quem também muda o humor, para melhor, no dia da sessão de equoterapia é o Thiago, um garotinho de 10 anos. A mãe dele, Quênia Bontempo conta que o filho foi  diagnosticado com uma síndrome rara que dificulta as habilidades motoras. “Ele gosta muito de cavalo, é muito apegado aos animais, mas tinha muito medo de chegar perto, chorava, ficava pálido. Agora, ele superou esse medo, acho que gosta muito mais. Com a equoterapia, ele teve um ganho imenso nisso”.

O contato com os cavalos também foi essencial para que o Thiago superasse a perda da avó, que morreu há poucos meses, justo quando ele ingressava na equoterapia. “Nesse momento da perda dela, a equoterapia ajudou para que ele saísse daquele mundinho de sofrimento que ele estava, ele saiu com a ajuda do cavalo”, contou a mãe.

Quênia afirma que as atividades do filho fazem bem até mesmo para ela: “Ser uma mãe atípica não é fácil, a gente não dá conta de tudo. Aqui, eu venho, eu distraio, eu espero, eu sei que ele fica feliz no dia que vem aqui”.

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A Associação de Equoterapia de Morrinhos atende hoje mais de 80 pessoas, o que exige a colaboração de muita gente, já que as atividades oferecidas no local são caras, mesmo se tratando de uma entidade filantrópica. Esses custos todos, durante muito tempo, tiraram o sono da Doriele Rodrigues, que hoje preside a associação. “Quando eu comecei, o primeiro mês eu não dormi. Ficava me perguntando: "como vamos pagar os colaboradores?". Depois da parceria do Ministério Público, a gente cresceu muito, muitos outros parceiros surgiram, inclusive o Sindicato Rural”, relata.

O crescimento e a melhoria das condições da associação, hoje permitem que os envolvidos no trabalho sonhem com a sede própria da entidade. “Hoje, a gente sonha com uma sede própria e acredito que nós vamos realizar esse sonho. A gente tem um corpo técnico fantástico e queremos crescer mais para conseguir atender a todas as necessidades dos nossos praticantes”, afirma Doriele.

A parceria do MP com a Associação de Equoterpia nasceu pelas mãos da madrinha do projeto, a promotora Jonisy Ferreira Figueiredo, que é titular da 3ª Promotoria de Justiça de Morrinhos. Ela tomou conhecimento da iniciativa num período de muitas dificuldades.

 

“Ao nos aproximarmos do projeto nós percebemos que era um projeto muito bonito e com uma grande demanda. No entanto, a estrutura era precária. Assim, começamos a destinar verbas de acordos de não persecução penal e houve uma grande afinidade. Tudo isso foi muito produtivo. As pessoas viram que esse trabalho dá resultados e com isso passamos também a receber mais doações”, conta a promotora.

A fisioterapeuta Nathana Silva, que atua na associação desde quando o projeto estava só no papel, é só gratidão: “Ver tudo isso crescer, ver o que era o papel e ver o que está se tornando é muito gratificante. A equoterapia faz parte da nossa vida vinte e quatro horas por dia. Realmente são muitos desafios, é algo que não é barato, é caro. O animal exige muitos gastos, mas o que a gente viu lá atrás e o que a gente vê hoje é muito gratificante."

A psicóloga Anacele Gomes, que é considerada a “brava” da equipe, explica que a fama surgiu quando era preciso muita luta para conseguir manter o projeto vivo. “Não me considero a brava não, é que quando a gente vê quantas vidas esse projeto transforma, cresce a nossa responsabilidade. Como tínhamos poucos recursos no início, nem todas portas se abriam e era preciso pedir, lutar, brigar para o reconhecimento da importância da equoterapia."

Anacele se emociona ao contar o empoderamento que os praticantes adquirem quando estão em cima do cavalo: “em cima do cavalo, eles conseguem se direcionar, ir para onde querem, passam a olhar o mundo de cima para baixo e não de baixo para cima. Eu vejo o quanto a pessoa se sente importante. Eu falo que a equoterapia é vida e deveria ser para todo mundo”.

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Mesmo satisfeita com a evolução da Associação de Equoterapia de Morrinhos, a promotora Jonisy ainda tem outros sonhos para a entidade: “O nosso sonho é que associação cresça cada vez mais e tenha sua estrutura própria. Hoje, a equoterapia, no lugar que ela está, numa área do Sindicato Rural, ainda tem limitações. Nós conseguimos a cessão de uma área de quase 10 mil metros quadrados onde será construída a sede da entidade e agora estamos trabalhando um projeto dentro da nossa realidade para buscar a construção". 

O entusiasmo da promotora reflete em muita gratidão de todos os envolvidos no projeto. “A promotora Jonisy é um ser humano inexplicável. Eu falo que ela abraçou de uma forma o projeto que nos permitiu mudar. Foi pelas mãos dela. O sentimento de gratidão com a doutora é enorme”, ressalta Doriele.

Jonisy Figueiredo, por sua vez garante que o que recebe em troca por sua atuação junto à associação é muito mais do que aquilo que ela oferece: “É algo que nos dá um engrandecimento. Quando a gente vê a evolução dos praticantes é muito bonito. Nos dá muito orgulho. Quando eu vou lá, eu sempre volto melhor. Só me dá orgulho, satisfação. Me sinto privilegiada de como promotora de Justiça poder atuar nesse projeto”.

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©2023 por Assessoria de Comunicação Social

Ministério Público de Goiás

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